terça-feira, setembro 28, 2010

reposição

Do tempo, do espaço, do corpo no mundo.

domingo, setembro 23, 2007

O dorso do mundo

Tanto queremos entender que não entendemos nada. Quanto não vale passar a mão sobre o dorso do mundo e sem pressas deixá-lo sentir a nossa temperatura e nós a dele? Mas uns podem fazê-lo, outros, infelizmente, não.

Abel Neves
Centauros, Asa, 2000

quarta-feira, junho 06, 2007

o belo

em frente

erros atrás de erros
em frente
ao fundo
adiante
longe
perto
hoje e ontem
sempre
erros
apesar deles
em frente

terça-feira, abril 17, 2007

Amantes escondidos

Anos depois

Anos depois daqueles
antigos
estamos presos
ainda
ao que éramos
e não queríamos
ao que somos
e não queríamos
ao que não chegaremos nunca
a ser.

quinta-feira, outubro 19, 2006

Ainda vale?

JORNADA

Não fiques para trás oh companheiro
É de aço esta fúria que nos leva
Para não te perderes no nevoeiro
Segue os nossos corações na treva.

Vozes ao alto, vozes ao alto
Unidos como os dedos da mão
Havemos de chegar ao fim da estrada
Ao sol desta canção.

Aqueles que se percam no caminho
Que importa? Chegarão no nosso brado
Porque nenhum de nós anda sozinho
E até mortos vão a nosso lado.

Canção de Fernando Lopes Graça / letra de José Gomes Ferreira

sexta-feira, outubro 13, 2006

A culpa

Há ideais que não nos largam. Maneiras de pensar e entender o homem que nos atrapalham quando precisamos, precisamos mesmo, de dizer que há pessoas de quem não gostamos, que não queremos perto de nós, que só de as ouvir espirrar - mesmo delicadamente (por isso mesmo?) - ou de as sentir arrotar ainda que para dentro (sobretudo para dentro?), nos dá uma vontade de, das duas uma:
- dar cabo delas (que o espirro as sufoque, que o arroto as engula)
ou
- dar cabo de nós.
E lá se vão os ideais humanistas…
Mas como não vão, realmente não vão, cá fica a culpa… a terrível culpa de não ser realmente, realmente tolerante.

domingo, outubro 01, 2006

Ligado

Pessoa

Nada sou, nada posso, nada sigo.
Trago, por ilusão, meu ser comigo.
Não compreendo compreender, nem sei
Se hei-de ser, sendo nada, o que serei.

Fora disto, que é nada, sob o azul
Do lato céu um vento vão do sul
Acorda-me e estremece no verdor.
Ter razão, ter vitória, ter amor

Murcharam na haste morte da ilusão.
Sonhar é nada e não saber é vão.
Dorme na sombra, incerto coração.

Fernando Pessoa, 06.01.1923

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